DESENVOLVIMENTO RURAL PARA O CONCELHO DE SERPA
A agricultura é um dos sectores mais importantes da economia do concelho.
Porém,
ao longo dos anos não mereceu a devida atenção por parte dos responsáveis
autárquicos, fosse por via de uma percepção errada da sua escala, fosse por via
de uma abordagem não integrada com outros sectores.
A
realização de certos eventos contribui para a minimização de alguns problemas
de curto prazo, como o escoamento de produtos, não perdendo, apesar de tudo, o
carácter de pontualidade.
Numa
óptica de perenidade, parece-nos indispensável proceder a uma considerável
reconversão cultural da agricultura do concelho, que venha a apresentar valores
acrescentados mais condizentes com as ambições e méritos regionais e que leve
em conta as diferentes escalas em presença.
Deste
modo, a orientação estratégica preconizada pelo nosso projecto assenta nos
seguintes aspectos:
-
diversificação pela qualidade e genuinidade das produções regionais, não apenas
do queijo de ovelha e dos enchidos de carne de porco, mas também do azeite, do mel,
da cortiça, dos cogumelos, do queijo de cabra, das ervas aromáticas…;
-
reconversão e modernização da produção agro-florestal e pecuária;
-
aproveitamento da infraestrutura de regadio instalada no concelho (cerca de
18.500ha);
-
reforço das relações com as instituições sectoriais;
-
aumento do valor acrescentado dos produtos agrícolas, através de crescente
transformação local;
-
qualificação dos recursos humanos;
-
valorização do espaço e do ambiente;
-
diversificação das actividades rurais e integração da agricultura, do turismo
rural e do ambiente;
-
fomentar a protecção diferenciada às explorações economicamente mais frágeis;
-
promover o alargamento das zonas beneficiadas com electricidade;
-
promover a beneficiação da rede viária agrícola e rural do concelho;
- desburocratizar
os processos de licenciamento de unidades industriais.
- Diversificação pela qualidade e genuinidade das
produções regionais;
- Reconversão e modernização da produção agro-florestal e
pecuária;
Esta orientação estratégica deverá procurar o enquadramento
no próximo QREN através de objectivos
expressos no próprio Quadro, nomeadamente através de:
- incremento da competitividade para o agri-business, isto é, encarar
definitivamente a actividade agrícola como qualquer outra actividade
empresarial. A viabilidade desta actividade poderá ser prosseguida colocando a
tónica no aumento da dimensão da oferta e na maior diferenciação de produtos;
- desenvolvimento e consolidação de fileiras
estratégicas: vinho, culturas horto-frutícolas, azeite, florestas e produtos de
qualidade certificada;
- aumento da competitividade das fileiras florestais,
caso dos montados de sobro e azinho;
- desenvolver formas organizativas e de gestão mais
adequadas;
- promoção do conhecimento e desenvolvimento de
competências;
- desenvolver instrumentos inovadores, sobretudo ao nível
da gestão e do aconselhamento;
- implementação de infra-estruturas de regadio;
- promoção de formas eficientes de gestão da água;
- promoção de actividades agrícolas, florestais e de
diversificação económica, que sejam competitivas, ambientalmente equilibradas e
socialmente atractivas;
- promover a gestão sustentável dos espaços rurais e dos
recursos naturais.
A concretização destes objectivos deverá assentar numa
metodologia de aproximação aos agentes no terreno (públicos e privados), no
fomento de um espírito de convergência, na promoção do conhecimento das
complementaridades que existem entre as organizações, na divulgação dos bons
resultados já obtidos. Saliente-se o carácter supra-concelhio de que se
revestem alguns dos aspectos referidos.
Alguns exemplos concretos:
- Emparcelamento
Rural, processo através do qual se
procederá à reestruturação fundiária em regiões cuja dispersão da propriedade,
aliada a um forte absentismo inviabiliza qualquer intervenção de fundo, por
exemplo ao nível da instalação de uma rede primária de rega;
- Planos de Gestão
para o Parque Natural do Vale do
Guadiana: elaboração de um documento de comprovado rigor científico, com a
determinação rigorosa e actualizada dos habitats em presença, das tipologias de
ocupação do solo, da quantificação das populações, que se constitua como um instrumento de base
para o ordenamento e para a sustentabilidade do território. Esta
sustentabilidade deverá levar em conta ambas as vertentes ambiental e
sócio-económica, prevendo zonamentos com diferentes graus de sensibilidade, dos
mais restritivos aos mais passíveis de introdução de inovação agrícola amiga do
ambiente. Deverão também ser propostos diferentes graus de compensação aos
agentes. Os indicadores actualmente disponíveis possuem um carácter unilateral,
carecendo muitos deles de um escrutínio rigoroso no terreno. Este plano deverá
ter carácter supra-municipal;
- Gestão
Sustentável e Estabilidade Ecológica da Floresta: Elaboração de um plano de
reconversão agro-florestal, incidindo na florestação de áreas até agora
ocupadas com culturas arvenses de sequeiro e com produção forrageira, protecção
das espécies tradicionais, que incentive a instalação de prestadores de
serviços florestais, que promova a preservação e melhoria da estabilidade
ecológica da floresta. Este plano tem carácter supra-municipal;
- Reconversão
Agrícola Produtiva e Alteração de Práticas Agrícolas, através do fomento da
reconversão de actividades de sequeiro a regadio, de culturas arvenses e de
áreas forrageiras a outras actividades e/ou a culturas permanentes e
florestais;
- Desenvolvimento
dos Produtos de Qualidade: a qualidade, a segurança e a genuinidade dos
produtos agrícolas dependem das práticas agrícolas, das condições naturais em
que são produzidos e das tradições culturais das regiões. Dever-se-á preconizar
o apoio financeiro e técnico à constituição e funcionamento dos respectivos
agrupamentos de produtores; apoiar a criação e modernização de unidades de
transformação de produtos de qualidade, bem como a sua caracterização
(incluindo modos de produção e respectiva certificação); acentuar a sua
vinculação ao território; incentivar os meios e sistemas necessários à sua
comercialização;
- Expansão e
Diversificação das Agro-Industrias e dos Produtos DOP, e Melhoria das
Comercializações: a estratégia a seguir decorre da referida no ponto
anterior devendo, no entanto, levar em conta a estratégia das respectivas
fileiras; existe uma gama actual de produtos bastante interessante (Azeite de
Moura DOP, Queijo Serpa DOP, Vinho VQPRD, presuntos e enchidos, Carnes
Alentejana e Mertolenga, Borrego do Baixo Alentejo, Conservas de Azeitona,
Mel). Pode-se também referir a criação de novas linhas de produtos (fabrico
artesanal de cerveja, extracção de essências aromáticas).
- Olival e Azeite:
adequar as estruturas já existentes, e as respectivas estratégias, criando uma
rede de experimentação e demonstração, envolvendo não apenas instituições
públicas (ex: Escola Superior Agrária de Beja e Escola Profissional de
Desenvolvimento Rural de Serpa), mas também os privados e suas organizações.
Esta rede estará virada para a resolução dos problemas dos olivais da região
(variedades, condução, técnicas de maneio e de rega, adaptabilidade pedológica
e climática, equipamentos para tratamento e colheita, doenças, fertilizações,
sistemas de avisos, etc.);
- Apoio
Diferenciado à Agricultura Familiar e ao Rejuvenescimento Empresarial: fomentar
a criação de um regime integrado que contemple a diferenciação positiva dos
beneficiários.
Este regime terá por base a criação de um banco de terras,
articulado com o processo de reforma de agricultores, assegurando o acesso
facilitado à terra, quer aos agricultores familiares já instalados, quer aos
jovens agricultores que se pretendam instalar; criação de um regime de crédito
fortemente bonificado para a aquisição de terras, para aquelas categorias de
beneficiários; acesso prioritário ao apoio técnico e à melhoria de
infra-estruturas de qualidade de vida; estabelecimento de um sistema colectivo
de gestão agrícola; acesso a um sistema majorado de apoios ao rendimento, como contrapartida
de um conjunto de compromissos na área da Formação Profissional, do respeito
pelo Ambiente, das técnicas produtivas, dos padrões de qualidade, etc.
Trabalho coordenado por :
CARLOS VALENTE - Técnico de Desenvolvimento Rural
Candidato à Assembleia Municipal de Serpa
CARLOS VALENTE - Técnico de Desenvolvimento Rural
Candidato à Assembleia Municipal de Serpa
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