Artigo publicado no "Diário do Alentejo"


Em 1 de Outubro celebrámos a festa da democracia local, pela décima segunda vez, em 40 anos de eleições livres dos órgãos autárquicos. Basta olhar para a Catalunha, onde o simples direito de voto é alvo da repressão do governo do PP de Rajoy e da monarquia castelhana, para nos darmos conta do valor inestimável da liberdade, simbolizada pelos cravos de Abril.

“É tão bonita a festa, pá” que ela não pode ser limitada ao ritual da eleição, de quatro em quatro anos: a democracia local representativa fortalece-se todos os dias com as mais variadas formas de democracia participativa, esboçadas desde a primeira hora na Constituição. Só em contacto permanente com o povo, as eleitas e os eleitos o podem representar, sem pretensões de o substituir.

A esperança que começou a espreitar em 2015 traduziu-se numa ligeira redução da abstenção e em mudanças que devem ser encaradas sem dramatismo. Em democracia não há vitórias nem derrotas irreversíveis. Todas e todos, eleitores e eleitos, no poder ou na oposição, temos um papel insubstituível na construção da democracia local.

O distrito de Beja foi palco de grandes mudanças, com a conquista da presidência das Câmaras de Beja, Moura, Barrancos e Castro Verde pelo PS. O Bloco duplicou a votação de 2013 e o número de eleitos no distrito.

Em Odemira o Bloco reelegeu o deputado municipal Pedro Gonçalves, ficando a meio caminho do segundo. Em Beja elegeu  Gina Mateus para a Assembleia Municipal – em 2013 apoiámos o movimento de cidadãos “Por Beja com Todos” que elegera a deputada Cristina Taquelim. Em Almodôvar, no meio da “onda PS” que varreu o PSD, o Bloco aumentou a votação em mais de 50% mas não conseguiu a eleição, tal como em Serpa, onde registou mesmo uma ligeira quebra.

Saúdo a estreia absoluta de uma candidatura do Bloco na união de freguesias de Garvão e Santa Luzia, concelho de Ourique; e, em especial, a reeleição de Leonel Sousa, com 58% da votação, como Presidente de Junta pelo movimento “Por São Matias com Todos”.

Da campanha, mais do que os números, ficam as ideias e propostas para o futuro: a necessidade de construirmos cidades, vilas e aldeias inclusivas, de tod@s e para tod@s, sem discriminações de nenhum género nem ódios étnicos e xenófobos; e a urgência de romper com as monoculturas que nos cercam, erodindo a fina camada de solo arável e poluindo as linhas de água. 

É tempo de as autarquias e os estudiosos se preocuparem com uma parte tão importante do território, antes que uma catástrofe ambiental se torne irreversível.

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