Vales Mortos: ETAR avariada há 3 anos, gado bebe água da rede
Duas horas depois de esta iniciativa ser divulgada na comunicação social, surgiu nas caixas de correio de Vales Mortos um comunicado assinado pelo Presidente da Câmara, Tomé Pires, onde se garante a “construção de uma nova ETAR ainda este ano, para que no início do próximo Verão esteja a funcionar.”
Este comunicado, com três anos de atraso, é a melhor confirmação de que vale a pena lutar!
AS RAZÕES DO POVO DE VALES MORTOS
Exmo. Sr. Presidente da
Câmara Municipal de Serpa
ETAR de Vales Mortos avariada há três anos Data:
31/10/2017
C/c: Presidente da Junta de Freguesia da UF de Serpa; Presidente do CA Grupo Águas de Portugal; Presidente do CA Águas Públicas do Alentejo, SA; Presidente da AMGAP; Diretor-Geral de Saúde; Presidente do Departamento da Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo; Presidente da CCDR do Alentejo; Presidente da APA – ARH Alentejo Anexos: A, B e C
C/c: Presidente da Junta de Freguesia da UF de Serpa; Presidente do CA Grupo Águas de Portugal; Presidente do CA Águas Públicas do Alentejo, SA; Presidente da AMGAP; Diretor-Geral de Saúde; Presidente do Departamento da Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo; Presidente da CCDR do Alentejo; Presidente da APA – ARH Alentejo Anexos: A, B e C
Há cerca de três anos que a população de Vales Mortos
poderia ser servida por esta ETAR, mas NÃO É pois, devido a uma avaria, os
dejetos são enviados para uma barragem particular de águas públicas por uma
vala a céu aberto que dista cerca de 100 metros do povo e à mesma distância de
uma escola do 1.º Ciclo e pré-escolar.
O cheiro é insuportável, mas o mais grave é o perigo
de doenças.
O clima nesta zona já está subtropical e o perigo de
retransmissão ao ser humano é latente, quer através dos animais de criação,
quer das moscas, mosquitos, etc. Ora as moscas conseguem viajar mais de 1,5 Km
e uma grama de fezes pode conter dez milhões de vírus, um milhão de bactérias e
mil quistos parasíticos, infetando-nos através de minúsculas aberturas na pele
ou contaminando os alimentos e a água – Elizabeth Royte, National Geographic”
de Outubro 2017.
Em 20 de Setembro de 2017, segundo declarações do ex-Diretor
Geral de Saúde, Dr. Francisco George, foram detetados AEDES AEGYPTY, mosquitos
fêmeas potencialmente herdeiros e transmissores do vírus DENGUE.
Em 12 de Outubro de 2017 foi detetada uma égua infectada
pelo VÍRUS DO NILO OCIDENTAL em Alcácer do Sal, que dista cerca de 120 Km do
nosso povo. Em 2015, na mesma zona já tinha havido idêntica contaminação.
Tendo esta ETAR sido, desde o início, mal projectada e
sendo a barragem o destino final dos dejetos de Vales Mortos, esta foi
contaminada ao longo dos últimos três anos e, se não for limpa urgentemente,
acabará para nada servir.
Não entendemos esta incúria, ao mesmo tempo que
recebemos nas caixas do correio folhetos das Águas Públicas do Alentejo
precavendo-nos para poupar e reutilizar a água.
A barragem onde desaguam os dejetos ocupa cerca de 2
(dois) hectares e tem uma profundidade máxima de 20 metros, dando para regar 20
hectares de terreno. Antigamente era um ponto de encontro das pessoas deste
povo onde, em saudável convívio, se tomava banho e pescava.
NADA RESTA, só a progressiva conspurcação da barragem,
onde até o gado se recusa a beber. Indignado, o rendeiro da propriedade tentou
resolver o problema. Entre a espada e a parede, a Câmara de Serpa fez uma
ligação de água potável da rede até uns reservatórios onde o gado bebe.
Pois bem, água da rede para cerca de 350 vacas e um número
indeterminado de ovelhas e porcos! Como é isto possível? Tudo em resultado de
uma avaria que ocorreu há cerca de três anos, apesar a contaminação ter
começado antes, pois a ETAR nunca funcionou bem.
Posto isto, pensamos ser da MÁXIMA URGÊNCIA a
reparação das peças avariadas da ETAR, precavendo possíveis surtos de doença em
Vales Mortos e alimentando o sonho do retorno ao são convívio do povo na
barragem (irremediavelmente?) danificada.
Aguardando resposta e as AÇÕES SATISFATÓRIAS
e URGENTES
Atenciosamente
José Maria
Louzeiro Morgado Gomes
(porta-voz do povo de Vales Mortos)
Anexos
A: Descrição das fotos:
1 – A degradação da ETAR
2 e 3 – Masseirões abastecidos por água da rede onde o
gado bebe
4 – Ligação da água ao contador da ETAR
5 – Início da “saudável viagem” dos dejetos (a cores) vindos
do povo
6 a 12 – Percurso dos dejetos até à barragem
13 a 16 – Em ano de seca a água da barragem recuou
substancialmente, sendo visível a consolidação dos dejetos.
B: Doação da Parcela de terreno para a construção da
ETAR de Vales Mortos
C: 155 assinaturas recolhidas no povo de Vales Mortos
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